Brigadistas do ICMBIO durante combate ao incêndio florestal no Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

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2024 supera limite de 1,5 °C e deve ser ano mais quente

Elevação média das temperaturas em novembro e dezembro precisa ser quase zero para que este ano não desbanque 2023

07.11.2024 - Atualizado 06.11.2024 às 22:59 |

DO OC – A notícia já era esperada, mas o serviço climatológico europeu Copernicus divulgou dados indicando que 2024 deve ultrapassar 2023, tornando-se o ano mais quente desde o início das medições. A divulgação ocorreu nesta quinta-feira (7). Segundo a instituição, 2023 registrou uma média de 1,48 °C acima do nível pré-industrial (1850-1900) e é praticamente certo que a temperatura anual de 2024 exceda 1,5°C, com uma probabilidade de superar 1,55 °C.

É a primeira vez que o aumento da temperatura deve ultrapassar 1,5 °C acima do nível pré-industrial em um ano completo. Esse recorde de 2024 só pode ser evitado se a anomalia média da temperatura em novembro e dezembro, ou seja, a elevação em relação à média histórica, ficar quase zero, algo improvável, já que o planeta continua aquecendo. “Isso marca um novo marco nos registros de temperatura global e deve servir como um catalisador para aumentar a ambição na próxima Conferência sobre Mudanças Climáticas, a COP29”, afirmou Samanta Burges, diretora-adjunta do Copernicus.

A 29ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (UNFCCC) começa na segunda-feira (11), em Baku, capital do Azerbaijão, país petroleiro. A divulgação da análise do Copernicus ocorre na mesma semana em que o republicano Donald Trump foi reeleito presidente dos Estados Unidos. Trump, que nega a existência do aquecimento global, planeja intensificar a produção de combustíveis fósseis no país, já o maior produtor global de petróleo.

A temperatura média global nos últimos 12 meses (novembro de 2023 a outubro de 2024) foi 0,74°C acima da média de 1991-2020 e 1,62°C acima da média pré-industrial. A anomalia média da temperatura global para os dez primeiros meses de 2024 (janeiro a outubro) foi 0,71 °C superior da média de 1991-2020. Esse valor é o mais alto já registrado para o período e 0,16 °C mais quente do que o mesmo período em 2023.

Na análise mensal, o Copernicus aponta que outubro de 2024 foi o segundo outubro mais quente da série histórica, ficando atrás apenas de outubro de 2023. A temperatura média do ar na superfície atingiu 15,25 °C, 0,80 °C acima da média de 1991-2020 para o mês. Em comparação com o período pré-industrial, a temperatura em outubro de 2024 foi 1,65 °C superior. Este foi o 15º mês, em um intervalo de 16 meses, em que a temperatura média global do ar na superfície ultrapassou 1,5 °C.

Em relação à temperatura média da superfície do mar, o registro foi de 20,68 °C, apenas 0,10°C abaixo de outubro de 2023. Localmente, as temperaturas ficaram abaixo da média apenas no oceano Pacífico equatorial oriental e central, indicando a influência do fenômeno La Niña. Nas demais regiões, as temperaturas médias permaneceram excepcionalmente altas, como no Atlântico Norte, onde o calor serviu como combustível para a formação de furacões. A temporada de furacões do Atlântico Norte, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, já contabilizou 10 furacões, algumas das quais se intensificaram rapidamente.

As notícias sobre o gelo marinho também não são animadoras. A extensão do gelo no Ártico atingiu o quarto menor nível registrado em outubro, ficando 19% abaixo da média. Na Antártida, a extensão foi a segunda menor para o mês, 8% abaixo da média — em outubro de 2023, o recorde negativo foi de 11% abaixo. O resultado de outubro de 2024 faz parte de uma série de grandes anomalias negativas observadas desde 2023. (PRISCILA PACHECO)

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