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Sem fiscalização, alertas de desmatamento batem recorde em junho

É a quarta alta mensal consecutiva; Brasil caminha para repetir marca anual de 10 mil km2

09.07.2021 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

PRESS RELEASE

 Os alertas de desmatamento na Amazônia em junho atingiram 1.062 km2, a maior área para o período desde o início da série do sistema Deter-B, do Inpe, em 2016. É o quarto mês consecutivo de alta recorde. O resultado indica que, sob Bolsonaro, o desmatamento anual deverá ultrapassar pela terceira vez a marca de 10 mil km2 de destruição florestal, o que não ocorria desde 2008.

Área de alertas de desmatamento em junho: Deter/Inpe

Faltam apenas os dados de julho para fechar o período da taxa oficial de desmatamento, o Prodes — medido de agosto de um ano a julho do seguinte. Na última quarta-feira (7/7), o general Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, afirmou: “A gente tem que chegar ao final do mês de julho com uma redução de uns mil km2 de desmatamento (em relação ao ano de 2020). Esse é o nosso objetivo bem claro, um objetivo factível”. Em 2020 foram derrubados 10,8 mil km2 de florestas na Amazônia, a maior taxa em 12 anos.

Alguns números ajudam a entender por que essa meta é inaceitável:

  • o “objetivo” de Mourão representa um aumento de 150% em relação à meta de 925 km2 de desmatamento fixada em 2009 na lei da Política Nacional sobre Mudança Climática;
  • a média anual de desmatamento nos dois primeiros anos do regime Bolsonaro foi de 10,4 mil km2;
  • na década anterior (2009-2018) foi registrada média de 6,4 mil km2.

O fato é que não há controle do desmatamento. O governo renunciou à obrigação de combater o crime ambiental. Além de discursos contra o Ibama e o ICMBio, Bolsonaro promoveu mudanças em normas e imobilizou a estrutura de fiscalização. Desde outubro de 2019, um artifício burocrático criado pelo governo trava a cobrança de multas ambientais em todo o país. Em 2020, as multas por crimes contra a flora nos nove estados da Amazônia despencaram 51% na comparação com 2018, último ano antes do início do regime Bolsonaro.

Após dois anos e meio de desmonte, o ministro Ricardo Salles caiu no fim de junho sob acusação de montar um escritório do crime para favorecer madeireiros. No Congresso, avançam projetos que vão acelerar o processo de devastação, caso do PLs da grilagem, do licenciamento ambiental, da mineração em terras indígenas e contra a demarcação dessas áreas.

O anúncio do retorno dos militares à Amazônia neste mês, após a fracassada operação Verde Brasil, coincide com novos recordes de queimadas. Em junho, registrou-se na Amazônia o maior número de focos de incêndio para o mês em 14 anos. Já o Cerrado teve as maiores queimadas em 11 anos. E a temporada de fogo está só começando.

“Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas. Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

Sobre o Observatório do Clima: rede formada em 2002, composta por 66 organizações não governamentais e movimentos sociais. Atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente. Site: https://oc.eco.br.

 

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