Intensidade de CO2 tem queda recorde
Emissões por unidade de PIB caíram 2,8%, na esteira da redução do uso de carvão na China e em outros países; meta do Acordo de Paris, porém, requer queda sustentada de 6,5% ao ano
KARL MATHIESEN
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A quantidade de carbono necessária para movimentar a economia global teve queda recorde em 2015, à medida que o consumo de carvão mineral diminuiu em grandes economias.
De acordo com o Relatório Anual de Economia de Baixo Carbono da consultoria PwC (Pricewaterhouse Coopers), a intensidade de carbono global (emissões por unidade do PIB) caiu em 2,8%. Isso representa mais que o dobro da queda média de 1,3% verificada entre os anos de 2000 e 2014, mas ainda está bem abaixo dos 6,5% exigidos para manter o aquecimento abaixo de 2ºC, limite definido no Acordo de Paris.
“O que vimos em 2014 e 2015 é um passo real para a descarbonização”, afirmou Jonathan Grant, diretor de sustentabilidade e mudança climática da PwC.
O resultado foi apenas 0,1% mais baixo que o ano anterior, mas ocorreu em um contexto de crescimento econômico, que costuma significar aumento nas emissões. “2015 foi um ano de crescimento econômico razoável, por isso acreditamos que este resultado é bastante significativo”, afirmou Grant.
A principal influenciadora do resultado foi a China, cuja queda no consumo de carvão resultou em uma diminuição de 6,4% na intensidade de carbono da segunda maior economia do mundo.
Uma mudança orientada da economia para a indústria baseada em serviços começou a enfraquecer os setores de aço e cimento e, pela primeira vez, a China liderou o ranking para a maior queda em intensidade.
Reino Unido e Estados Unidos também foram contribuintes significativos, com reduções respectivas de 6% e 4,7%, devido a políticas de ambos os governos que causaram o fechamento de usinas a carvão. No Reino Unido, o uso de carvão caiu 20% pelo segundo ano consecutivo.
Richard Black, diretor da Unidade de Inteligência sobre Clima e Energia (ECIU), afirmou: “Na semana em que o Acordo de Paris entra em vigor, essa é uma notícia muito promissora para mostrar que o paradigma dominante sobre crescimento econômico está mudando, o que faz os objetivos de Paris parecerem menos distantes.
“Essa análise mostra mais uma vez que crescimento econômico e emissões de carbono não são necessariamente conectados. A ciência do clima mostra que o afastamento do carvão é um primeiro passo fundamental para manter as mudanças climáticas dentro de limites seguros”.
Mas Grant explica que o carvão representa um objetivo mais próximo e que as economias estavam desfrutando os benefícios de uma primeira descarbonização relativamente fácil.
“Os países estão focando em descarbonizar a eletricidade, o que significa enfrentar a geração a carvão. Acredito que o desafio irá crescer. O carvão é o alvo mais fácil para as políticas governamentais”, afirmou.
Este texto foi publicado originalmente no site Climate Home e é republicado pelo OC por meio de uma parceria de conteúdo