Incêndio florestal sobre área de floresta degradada, em processo de desmatamento, em Novo Aripuanã, no sul do Amazonas, zona de influência da BR-319, em setembro de 2021. (Foto: Victor Moriyama / Amazônia em Chamas)

#PRESS RELEASE

Bolsonaro volta a mentir na tribuna da ONU

Mais uma vez, o presidente usou a tribuna das Nações Unidas para falar de um Brasil que só existe a seus olhos e de seus seguidores

21.09.2021 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

Surpreendendo a um número aproximado de zero pessoa, o presidente Jair Bolsonaro voltou a usar a tribuna das Nações Unidas, nesta terça-feira (21). para falar de um Brasil que só existe a seus olhos e de seus seguidores. Ao declarar que se importa com meio ambiente e clima mentiu novamente e, mais uma vez, defendeu sua política antiambiental.

“O governo Bolsonaro não tem nenhum compromisso com o clima. Sob sua gestão, todos os indicadores nesta agenda só pioraram. Se o comportamento dos demais líderes globais fosse o mesmo do presidente brasileiro, a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC seria inalcançável”, afirma o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Em seu governo, o desmatamento cresceu por dois anos consecutivos e, neste terceiro, deve manter o patamar de 10 mil km2, ampliando as emissões de gases de efeito estufa do país. Incêndios florestais bateram recordes e a grilagem de terras explodiu com o estímulo presidencial a atividades ilegais e uma série de medidas do governo contra a fiscalização ambiental. Na Amazônia, o garimpo e a invasão de terras indígenas explodem em municípios “fechados com Bolsonaro”.

Nos cinco anos anteriores ao governo Bolsonaro, a média de desmatamento na Amazônia foi de 6.719 km2, segundo o Inpe. Já nos dois primeiros anos da atual gestão a média foi de 10.490 km2, um aumento de 56%. Os dados de 2021 serão divulgados apenas no fim do ano, mas devem ficar novamente em torno de 10 mil km2, como já admitiu o vice-presidente Hamilton Mourão.

Sob Bolsonaro, as multas do Ibama caíram para o nível mais baixo em duas décadas, as operações de campo minguaram e o Fundo Amazônia, com quase R$ 3 bilhões para a proteção florestal em caixa, está paralisado desde 2019.

Em dezembro de 2020, o atual governo brasileiro apresentou à ONU uma atualização das promessas nacionais para o clima (NDC) que, na prática, possibilita ao país aumentar suas emissões de gases de efeito estufa em relação ao que havia se comprometido em 2015. Tal retrocesso contraria os princípios do Acordo de Paris e coloca em risco sua integridade.

Recentemente aprovada, uma medida do governo para a área de energia obriga o Brasil a contratar usinas termelétricas, podendo ampliar em mais de 30% as emissões do setor. Na mesma linha negacionista da crise climática, o governo lançou um programa de incentivo ao uso de térmicas a carvão, uma fonte cara e altamente poluente.

Mesmo o concurso para os órgãos de fiscalização do meio ambiente, anunciado sob pressão internacional após quase 3 anos de governo, concentra 73% das vagas em técnicos de nível médio, que por lei não podem fiscalizar. O Ibama deverá receber apenas 96 analistas com curso superior, 10% do que precisa.

Para piorar o quadro crítico da área ambiental, tramitam no Congresso, com o apoio do governo, dois projetos de lei que colocam em risco as terras e os direitos das populações indígenas, além de propostas que têm o objetivo de acabar com o licenciamento ambiental e legalizar a grilagem de terras públicas.

“Desde o início do mandato, Bolsonaro promoveu uma agenda de destruição ambiental. Não será um discurso de 10 minutos que mudará essa realidade. O único ato confiável do presidente brasileiro em favor do clima e da Amazônia seria ele apresentar sua carta de renúncia.”, conclui Astrini.

Sobre o Observatório do Clima: rede formada em 2002, composta por 68 organizações não governamentais e movimentos sociais. Atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente. Site: https://oc.eco.br.

Informações para imprensa

Solange A. Barreira

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