Foto: Governo da Bahia

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Chuva extrema já matou 21 na Bahia

Enchentes no sul do Estado foram causadas por precipitação que já supera a da tragédia de julho na Alemanha

29.12.2021 - Atualizado 11.03.2024 às 08:30 |

DO OC – Enchentes provocadas por um volume de chuva que superou todas as previsões mataram pelo menos 21 pessoas e deixaram 77 mil desabrigadas ou desalojadas até esta terça-feira (28) na Bahia. Mais de 470 mil pessoas foram afetadas, segundo a Defesa Civil do Estado. O número de municípios com decretos de emergência chegou a 136.

O volume de água registrado até 27 de dezembro em cidades como Ilhéus (410 mm) e Caravelas (493 mm) é, respectivamente, 182% e 233% mais alto do que a média histórica para o mês inteiro nas duas cidades. Em algumas áreas, choveu em um dia o que deveria chover no mês inteiro. Para comparação, a enchente que devastou partes da Alemanha em julho teve precipitação de 150 mm em alguns dias.

Um milímetro de chuva equivale a cobrir com uma lâmina de água de 1 mm um cubo de 1 metro por 1 metro.

Enquanto a Bahia afunda, o presidente Jair Bolsonaro passa férias no litoral de Santa Catarina. No fim da tarde de segunda (27), quando a chuva já havia matado 20 pessoas no sul baiano, ele disse que esperava “não ter de retornar antes” do feriado de Réveillon, ignorando a tragédia. Nesta terça (28), Bolsonaro passeou de jet ski com a filha de 11 anos, que ele já chamou de “fraquejada”, em São Francisco do Sul.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) havia emitido alertas desde o dia 20/12 sobre chuvas extraordinárias, com alto risco de inundações e deslizamentos de terra e mais de 200 mm de precipitação uma semana, principalmente no período da véspera de Natal até o dia 28. O volume de água, porém, foi maior que o previsto. “Esses fenômenos estão ficando cada vez mais extremos, e as pessoas estão ficando mais vulneráveis”, afirmou ao Uol o climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden.

Barragens são monitoradas, estradas cederam e moradores estão isolados. O governo da Bahia está recebendo bombeiros de outros estados para atuar nos resgates. O governador Rui Costa (PT) fez um apelo por recursos federais, afirmando que o valor anunciado pelo governo federal para todo o Nordeste (R$ 80 milhões) não dá para recuperar nem as estradas federais destruídas pela chuva na Bahia. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, disse em Ilhéus (BA) que vai “precisar de um pouco mais de tempo” para avaliar a situação e a possibilidade de liberar mais dinheiro.

A chuva também destruiu todo o estoque de vacinas contra a Covid-19 em Jucuruçu, Itororó e outras cidades, afirmou o governador. “É a tempestade perfeita”, disse Rui Costa. Segundo ele, a Bahia enfrenta o “maior desastre natural de sua história”.

Diversas organizações, como a Ação da Cidadania, estão arrecadando doações para ajudar as vítimas.[:]

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