Ministros de Meio Ambiente do G7 se reúnem em Turim, Itália (Foto: Divulgação)

#PRESS RELEASE

Comunicado ministerial do G7 só tem ambição no tamanho

Países mais ricos falham novamente em oferecer liderança no enfrentamento da crise do clima

30.04.2024 |

CLAUDIO ANGELO
COORDENADOR DE POLÍTICA INTERNACIONAL DO OC

O comunicado dos ministros do G7 sobre clima e energia limitou sua ambição ao tamanho do texto: são 35 páginas, nas quais a urgência declarada em relação à crise climática não encontra correspondência nos compromissos do bloco.

A principal novidade anunciada, a eliminação do carvão mineral “não mitigado” nos sistemas energéticos, ficou para algum momento da década que vem, quando a ciência nos diz que ela deveria acontecer nesta década se estivermos falando sério sobre estabilizar o aquecimento da Terra a 1,5oC em relação à era pré-industrial.

No tema central da transição energética, o G7 parece querer fugir para a frente, ao reforçar o papel de soluções falsas como gás fóssil e tecnologias de captura e armazenamento de carbono, que essencialmente permitem à indústria fóssil das nações ricas continuar operando como se houvesse amanhã.

A linguagem que esses países tentaram – e não conseguiram – inserir no texto da decisão da COP28, em Dubai, sobre combustíveis fósseis “unabated”, ou seja, não mitigados, aparece nada menos do que 17 vezes no comunicado ministerial do G7. O documento dá à Agência Internacional de Energia a tarefa de desenvolver até 2025 uma série de recomendações para que os países ricos possam (só então) construir os mapas do caminho para a eliminação dos combustíveis fósseis, o que não parece combinar com a determinação da COP28 de iniciar “nesta década crítica” a saída das fontes sujas.

No financiamento climático, tema central dos esforços de negociação deste ano, o G7 não oferece nada além de platitudes: admite a dívida dos países ricos com os pobres, compreende a necessidade de mobilizar “trilhões” e de não aumentar a dívida das nações em desenvolvimento. Mas, em ano eleitoral em vários países do bloco, não apenas não oferece soluções, como insiste nos velhos mantras de “aumentar a base de doadores” para incluir a China, de mobilizar capital privado e, agora, de pedir ao mundo em desenvolvimento que “aumente a mobilização de recursos domésticos”.

Em suma, como reza o chiste, é um comunicado que contém coisas novas e boas. Só que as boas não são novas e as novas não são boas.

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