COP de Baku tem presidente de petroleira na organização
Chefe do serviço estatal de comunicação especial e segurança da informação também foi integrado à equipe; anúncios preocupam a sociedade civil
DO OC – O Azerbaijão anunciou nesta quinta-feira (22) que o comitê de organização da COP29, que ocorrerá no país em novembro, contará com a participação do presidente da Companhia Petrolífera Estatal da República do Azerbaijão (Socar), Rovshan Najaf, e do chefe do Serviço estatal de comunicação especial e segurança da informação da República do Azerbaijão, Ilgar Musayev. A sociedade civil demonstrou preocupação por causa do conflito de interesse – o uso de combustíveis fósseis é o principal responsável pelas mudanças climáticas – e privacidade.
Segundo Andreas Sieber, diretor associado de políticas e campanhas da ONG 350.org, em um momento no qual ainda há planos para a expansão de combustíveis fósseis, a inclusão de um presidente de uma empresa de petróleo na organização da conferência do clima coloca em risco a integridade da presidência. “A confiança na presidência é fundamental para uma COP bem sucedida, e é esperado que cada presidência da conferência tenha altos padrões de integridade e imparcialidade”, diz.
O Azerbaijão foi escolhido para sediar o evento deste ano durante a COP28 nos Emirados Árabes, outro petroestado. Apesar de não estar entre os maiores produtores de petróleo e gás do mundo, o Azerbaijão tem uma economia dependente dos combustíveis fósseis. Cerca de 92% da receita de exportação e mais da metade do orçamento do estado vêm dessa indústria.
O país ainda mantém relações comerciais que incentivam a continuidade da produção. Em junho de 2022, por exemplo, assinou um memorando para dobrar as exportações de gás para a Europa até 2027. A Socar tem negócios com grandes petroleiras, como a Exxon Mobil e a BP. Em dezembro do ano passado, a estatal comprou as participações de exploração da norueguesa Equinor no país.
Em janeiro, o Azerbaijão já havia sido criticado pela escolha da presidência da COP. O escolhido foi Mukhtar Babayev, ministro da ecologia e recursos naturais, que trabalhou por 26 anos na Socar. Além disso, o comitê foi formado apenas por homens. Após críticas, 12 mulheres foram incluídas ainda em janeiro.
A sede da COP29 também tem diversos problemas relacionados a direitos humanos. A imprensa é controlada, jornalistas sofrem agressões e ativistas são presos arbitrariamente. (PRISCILA PACHECO)