Dia da Amazônia é o último com Bolsonaro, ou será o último
Eleições gerais, que ocorrem em 27 dias, permitirão virar essa página trágica da história brasileira, varrendo a necropolítica do Planalto
Nesta segunda-feira (5/9) o país chega ao Dia da Amazônia com pouco a comemorar. A maior floresta tropical da Terra encontra-se sob ataque intenso das forças criminosas que, estimuladas pelo governo federal, vêm promovendo a maior onda de destruição e degradação da floresta em quase duas décadas.
O número de queimadas em agosto foi o maior desde 2010; apenas nos quatro primeiros dias de setembro a média é de mais de 3.000 focos de queimada por dia, número quase 30% maior que o do infame “dia do fogo” de 2019; a taxa de desmatamento em 2021 foi a maior desde 2006; as invasões de terras indígenas cresceram 212% nos primeiros três anos do atual mandato em relação aos três anos anteriores; o assassinato de indígenas no mesmo período atingiu o ápice desde o início da contagem, em 2003; e o garimpo ilegal epidêmico — altamente mecanizado e impactante — destrói centenas de quilômetros de rios. Seria preciso recuar ao começo do século, antes de o Brasil adotar um plano consistente de proteção à floresta, para encontrar um quadro tão grave.
São números infelizmente cada vez mais banais. Eles resultam de um projeto consistente de Jair Bolsonaro e seus generais de destruir, a partir da Amazônia, todas as conquistas civilizatórias da Constituição de 1988 e a própria ordem democrática do país. O projeto de autocracia que Bolsonaro quer implementar no Brasil vem tendo sua pré-estreia na região amazônica nos últimos três anos e nove meses.
A única coisa a comemorar nesta data é que existe uma chance real de que este seja o último Dia da Amazônia que celebramos com Bolsonaro no governo. As eleições gerais, que ocorrem em 27 dias, permitem virar essa página trágica da história brasileira, varrendo a necropolítica do Planalto e elegendo presidente, parlamentares e governadores comprometidos com a ordem democrática e um país descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável. A eventual manutenção do atual presidente, por outro lado, significará que este Dia da Amazônia poderá ser o último de um Brasil democrático. “É hora de fazer uma escolha: ou o país fica com a floresta, ou com o atual presidente. Não dá para ter ambos”, salienta Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
No último fim de semana, artistas de todo o país se uniram à sociedade civil e ergueram suas vozes em defesa da floresta, no movimento Amazônia Livre, Democracia Viva, que ganhará as redes sociais hoje. Teve início também a iniciativa Virada Cultural Amazônia de Pé, que segue até o próximo dia 10, com mais de 600 atividades em todo o Brasil, incluindo shows em oito cidades. São sinais de que a sociedade brasileira resiste na defesa da floresta e do regime democrático e está pronta para olhar para o futuro a partir de 2023.
Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 70 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.
Informações para imprensa
Solange A. Barreira – Observatório do Clima
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