Trevas: Trump discursa na posse no mesmo Capitólio que mandou invadir em 2021 (Reprodução de TV)

#PRESS RELEASE

EUA já vão tarde do Acordo de Paris

País nunca foi parceiro confiável, mas risco é Trump criar efeito-dominó

20.01.2025 - Atualizado 20.01.2025 às 21:49 |

DO OC – Surpreendendo a um total de zero pessoa, o presidente dos EUA e criminoso condenado Donald Trump assinou, por volta de 20h50 (hora de Brasília) desta segunda-feira (20), a retirada de seu país do acordo do clima de Paris – mentindo que o ato economizaria US$ 1 trilhão à nação. Também determinou a revogação de todo o (parco) financiamento climático provido pelo Tesouro americano. Já vai tarde: os EUA foram a pedra no sapato do regime climático multilateral na maior parte dos 31 anos de vigência da Convenção do Clima da ONU. Passa da hora de a comunidade internacional lidar com a crise sem eles.

Os americanos ameaçaram não assinar a Convenção do Clima, em 1992, mataram o Protocolo de Kyoto em 2001 e implodiram (juntamente com a China) a conferência de Copenhague, em 2009. Toda a arquitetura do Acordo de Paris, inclusive as metas nacionais voluntárias, foi pensada para dobrar o mundo às circunstâncias internas dos EUA, que tradicionalmente obstruem o debate sobre financiamento e sobre perdas e danos.

Apesar disso, a saída americana de Paris evidentemente é uma má notícia e um risco imediato de inspirar outros líderes de extrema-direita do mundo a seguir o mau exemplo americano. Esse efeito-dominó poderia ferir de morte o acordo, atualmente a única coisa que separa a humanidade de 3ºC de aquecimento global ou mais. Outro risco, de mais longo prazo, é o de os EUA fazerem bullying para retardar a transição energética em outros países.

Cabe ao mundo agir para isolar os Estados Unidos e acelerar a transição energética. A Europa e outros países precisam usar de maneira crível e consequente o comércio internacional, arena onde Trump estreou suas ameaças, para limitar os danos de uma administração que tenta recarbonizar a economia.

Novas lideranças também precisam preencher o vácuo deixado pelos Estados Unidos. Isso põe mais responsabilidade especialmente sobre a China, a UE, a África do Sul e o Brasil – anfitrião da primeira reunião do BRICS e da primeira COP pós-Trump 2.0. Está nas mãos de Luiz Inácio Lula da Silva dar em novembro a primeira demonstração de que o mundo está disposto a seguir em frente e evitar o colapso da civilização, mesmo com a maior economia do planeta dobrando a aposta na distopia.

 

Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de uma centena de integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Informações para imprensa
Solange A. Barreira – Observatório do Clima
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