Nota sobre mudanças na Meta
Regulação é a única maneira de reduzir danos para o usuário e a democracia
O Observatório do Clima recebe sem surpresa o anúncio do CEO da Meta de que as plataformas digitais da empresa deixarão de ter checagem de informações e se tornarão definitivamente território livre para desinformação e discurso de ódio. A capitulação à extrema-direita é um passo lógico (mas de forma alguma inevitável) de um setor cujo modelo de negócios envolve a manipulação extrativista do usuário e o lucro com a desinformação, que canibaliza o papel de ágora do jornalismo sem submeter-se aos padrões de responsabilização deste. A própria existência do programa de fact-checking da Meta era uma terceirização de responsabilidade, na qual a empresa transferia às agências de checagem o papel de conter desinformação que deveria ser totalmente enraizado nas plataformas.
O OC, que trabalha no combate à desinformação climática por meio do site Fakebook.eco, já havia encerrado sua conta no Twitter no ano passado e migrado para o Bluesky. Apesar de mantermos parte de nossa comunicação digital em uma plataforma da Meta, o Instagram, reforçamos a diretriz de não patrocinar postagens em nenhuma de nossas mídias sociais.
A regulação – que de forma alguma confunde-se com censura – é a única forma de preservar o espaço público, o usuário e a democracia, limitando os danos causados pela influência tóxica das redes sociais, pelo segredo que cerca a criação e a alteração de seus algoritmos e pelos caprichos de seus donos. O OC apoia as iniciativas do governo e do Judiciário do Brasil de regular as plataformas e torná-las, na medida do possível, uma ferramenta de conexão de pessoas e não de domínio autocrático.