Temperatura global bate recordes por dois dias seguidos
Nos dias 3 e 4 de julho, os termômetros passaram de 17 ºC e derrubaram o recorde de 2016, ano considerado o mais quente
DO OC – A semana começou com o noticiário destacando que a segunda-feira (3) havia sido o dia mais quente já registrado no mundo. A temperatura média global atingiu 17,01°C naquele dia, quebrando o recorde de agosto de 2016, quando o termômetro bateu 16,92°C. Nem bem passaram 24 horas e as manchetes precisaram mudar, pois na terça-feira (4) o número passou para 17,18°C.
A elevação da temperatura média global não é nada inofensiva e já tem dado sinais do impacto negativo faz tempo. No México, em menos de 15 dias em junho, mais de 100 pessoas morreram por causa do calor extremo. O país enfrenta a quarta onda de dias quentes e em alguns estados a temperatura passa de 45 ºC. Estados Unidos, China, países do norte da África e do Oriente Médio também padecem por causa do verão fervendo.
Na Groenlândia, a cobertura da neve na Terra de Nares, uma ilha ao norte do país, derreteu em apenas quatro dias, conforme mostram imagens capturadas entre 29 de junho e 3 de julho pelos satélites Copernicus Sentinel-2. A temperatura do ar no território está cerca de 10 ºC acima da média para o período. No hemisfério sul, a Antártida teve recorde de temperatura e diminuição do gelo marinho em pleno inverno.
Especialistas atribuem as altas temperaturas ao El Niño, fenômeno atmosférico-oceânico que deixa algumas regiões mais secas e quentes e outras mais suscetíveis a tempestades, intensificado pelo aquecimento global provocado por ações humanas. Em entrevista ao jornal The Guardian sobre a temperatura global média de segunda-feira, o pesquisador da Berkeley Earth Zeke Hausfather disse que aquele recorde poderia ser apenas o primeiro de uma série influenciada pelas emissões crescentes de gases poluentes junto com o El Niño.
Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), também alertou sobre o aumento da temperatura. “O início do El Niño aumentará muito a probabilidade de quebrar recordes de temperatura e provocar mais calor extremo em muitas partes do mundo e no oceano”, disse. (PRISCILA PACHECO)