Começou a temporada de queimadas. Na Sibéria
Cidade russa registrou 38oC no fim de semana, no início do verão do ano que pode ser o segundo mais quente da história
DO OC – Mais um verão no hemisfério Norte chegou e, com ele, um fenômeno cada vez mais previsível e mais extremo: os incêndios florestais ao norte do Círculo Polar Ártico. No dia 21 de junho, os satélites do sistema de monitoramento europeu Copernicus indicavam que a região do hemisfério Norte com mais focos de queimada era o extremo nordeste da Rússia, que os jogadores de War conhecem como “Vladivostok”.
Uma onda de calor se abate sobre o Ártico. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o inverno e a primavera siberianos viram temperaturas até 10o C maiores que a média histórica. No domingo, o jornal The Washington Post informou que a cidade russa de Verkhoyansk registrou cariocas 38oC no sábado. De acordo com o jornal, é a temperatura mais alta já medida a norte do círculo polar – os registros ali começaram a ser feitos em 1885.
Segundo o Copernicus, a atividade de fogo no nordeste siberiano é semelhante à verificada no ano passado, quando todo o Ártico registrou uma das piores temporadas de queimadas.
O ano de 2020 caminha para ser o segundo mais quente da história, atrás apenas de 2016. Diferentemente de 2016, porém, não há um El Niño (o aquecimento cíclico das águas do Pacífico) ajudando a jogar os termômetros para cima. O mês de maio foi o maio mais quente já medido no mundo desde 1880, quando os registros começaram, e a América do Sul, a Ásia e a Europa tiveram o período de janeiro a maio mais quente de sua história.
O Ártico aquece mais do que duas vezes mais depressa que o resto do mundo. Isso se deve a um fenômeno conhecido como “amplificação ártica”, apelidado de “espiral da morte” pelos cientistas do Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve dos EUA: o calor aumenta o derretimento da neve e do gelo marinho, que assim deixam de rebater a radiação solar de volta para o espaço, e a radiação adicional absorvida pelo mar e pela terra esquentam ainda mais a região.
Alguns pesquisadores têm postulado que o derretimento da neve permanente siberiana também contribui com o aumento das ondas de calor e dos incêndios florestais. Isso porque o degelo diminui a diferença de temperatura entre o Ártico e as latitudes mais baixas, bagunçando o regime de ventos e enfraquecendo a chamada corrente de jato, uma barreira de ar que controla a meteorologia no hemisfério Norte. Com a corrente de jato alterada, ondas de calor na primavera e no verão e escapes de ar frio do Ártico para a Europa e os EUA no inverno ficam mais frequentes.