Europa bate de frente com emergentes sobre regras climáticas
Ministros da UE delineiam prioridades para 2018 na implementação do Acordo de Paris e exigem mais transparência da China, mas não sinalizam aumento de ambição
MEGAN DARBY
DO CLIMATE HOME
Ministros de Relações Exteriores da União Europeia entraram em rota de colisão com a China ao publicar uma declaração defendendo que as mesmas regras sejam aplicadas a todos os países no Acordo de Paris sobre mudança climática.
No documento de nove páginas sobre os objetivos da diplomacia climática, divulgado na conclusão de uma reunião na segunda-feira (26), os ministros ressaltaram a necessidade de mais ação. A janela para limitar o aquecimento global a 2oC, temperatura máxima acordada em Paris, está “se fechando depressa”, eles alertaram.
As negociações no âmbito das Nações Unidas para implementar o Acordo de Paris precisam criar “um regime universal com regra aplicáveis a todos, afirma a declaração europeia.
Já a China e seus aliados pedem um manual implementação em dois níveis, com exigências menores para países em desenvolvimento reportarem seu progresso. Este é um dos pontos-chave da negociação para resolver até dezembro deste ano, data em que o livro de regras de Paris precisa ficar pronto.
Os ministros também enfatizaram a importância de aumentar a ambição coletiva durante o chamado Diálogo Talanoa, processo que durará o ano inteiro, mas não chegaram a prometer uma revisão das metas europeias de redução de emissões.
Algumas outras preocupações do mundo em desenvolvimento foram abordadas, incluindo financiamento climático e ambição pré-2020.
Entre os pontos-chave do documento estão:
- O setor de navegação foi instado a fazer “sua parte” na redução de emissões, em linha com o Acordo de Paris, dentro de um acordo setorial a ser adotado em abril durante encontro da Organização Marítima Internacional.
- A Organização da Aviação Civil Internacional foi instada a adotar regras “robustas” num esquema de compensação de emissões para as viagens aéreas.
- Um apelo a mais doadores para o financiamento climático aos países em desenvolvimento, notando o papel de liderança da União Europeia; além disso, a reafirmação do compromisso com a meta de US$ 100 bilhões por ano em 2020.
- Um movimento para integrar preocupações climáticas nas políticas de segurança, desenvolvimento, redução de risco de desastres e comércio.
- Planos para um evento de alto nível sobre clima e segurança a ser liderado pela representante da UE para Relações Exteriores, Frederica Mogherini, e realizado em Bruxelas em junho.
Camilla Born, assessora sênior de políticas públicas do think-tank E3G, disse que o escopo mais amplo do documento mostrava “um amadurecimento da diplomacia climática europeia”. No entanto, o fracasso em sinalizar o maior aumento da ambição do bloco representa uma “oportunidade perdida”, afirmou. “Eles precisam levar a sério a parte da ação e do aumento da ambição se quiserem ganhar o que desejam nas regras”, disse Born.
Este texto foi publicado originalmente pelo site Climate Home e é reproduzido pelo OC por meio de um acordo de conteúdo.